Governo tem medida provisória para nova poupança
Governo tem medida provisória para nova poupança
29 de fevereiro de 2012 Nenhum comentário em Governo tem medida provisória para nova poupançaO governo já tem pronta para enviar ao Congresso Nacional uma medida provisória que altera as regras de remuneração da caderneta de poupança. Polêmica, a proposta aguarda, na gaveta do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, apenas uma definição sobre o melhor momento para mandá-la ao crivo dos parlamentares.
Para mexer na correção da caderneta – hoje fixada em TR (Taxa Referencial) mais 6% ao ano –, o governo precisa alterar a Lei nº 8.177, de 1991, que estabelece as regras de remuneração da poupança. Mas, no Congresso, a avaliação é que o tema enfrentaria resistências devido ao teor explosivo das mudanças em pleno ano eleitoral.
Em 2009, o então presidente Lula ensaiou mudança na caderneta, mas engavetou o projeto diante da reação negativa à proposta. Conforme antecipado pela coluna Poder Econômico, o novo modelo de remuneração não afetaria as regras das contas atuais, apenas novos poupadores.
Hoje, quando o Banco Central reduz a Selic, atinge a remuneração de fundos de investimentos, cujo retorno varia segundo os juros, o que torna a poupança mais atraente. A alteração na caderneta serviria para frear a migração de capital de outros tipos de investimentos, como a renda fixa, para a poupança por conta de movimentos de queda das taxas de juro.
Títulos públicos
Além disso, ao tornar a poupança menos atraente, o governo tenta evitar a retração no mercado dos fundos de investimento. Isso porque eles são os maiores compradores de títulos públicos e, caso parem de comprar estes papéis, o governo teria de aumentar os juros para torná-los mais atraentes, exatamente o oposto do que busca. Outro motivo é que, com mais depósitos na caderneta, os bancos teriam também de, por lei, aumentar o volume de financiamentos imobiliários e temem não dar conta da obrigatoriedade legal.
Na ponta oposta – a dos que não querem ver as alteracões nas regras da poupança – há o lobby dos bancos, que não querem perder as taxas administrativas cobradas dos correntistas dos fundos de investimento e o interesse do próprio governo, que pode perder a arrecadação de imposto dos fundos. Os investidores de poupança não pagam imposto.
A polêmica proposta vem sendo estudada pela equipe econômica antes mesmo da eleição da presidenta Dilma Rousseff. No Congresso, contudo, o assunto é tratado com cautela pelos líderes do governo nas duas Casas. No Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que qualquer mudança na poupança não passa de “especulação”.
FGTS
Na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse que a preocupação atual da equipe econômica é voltada para as taxas de juros. “Nunca vi essa discussão (de alterar a poupança) dentro do governo. Não há planos de mudanças nesta área por pelo menos os próximos cinco anos”, diz Vaccarezza.
O petista Humberto Costa (PE), que até o início do ano comandou o partido no Senado, assinala que mudanças na remuneração da poupança afetam, por exemplo, quem financia a casa própria por meio do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
“Sempre que o assunto vem à tona gera polêmica”, diz Costa. “O índice da poupança é o que corrige o FGTS. Se amplia os dividendos da poupança, como fazer para compensar remuneração sem usar por exemplo fundo público?”.
Para o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), a mudança na poupança representa um “golpe nos assalariados”. “Esta alteração certamente causará prejuízo para os poupadores, pois atinge diretamente a economia popular”, afirmou o tucano.
Questionado pela reportagem, o Ministério da Fazenda afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que não comentaria o assunto.
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