Em um cenário de juros baixos, pequeno investidor fica sem opções
Em um cenário de juros baixos, pequeno investidor fica sem opções
23 de abril de 2012 Nenhum comentário em Em um cenário de juros baixos, pequeno investidor fica sem opçõesO pequeno investidor está refém da tradicional caderneta. Os poupadores com menos de R$ 50 mil na carteira são os que mais perdem nos fundos de investimento em função das elevadas taxas de administração. A conta do mercado é de que esses brasileiros somam mais de 2 milhões, todos eles com aplicações em fundos de renda fixa e DI que oferecem ganhos inferiores aos pagos pela poupança.
Em números absolutos, eles são a maioria dos investidores, porém, representam apenas 6% do patrimônio dos fundos. Os grandes clientes, incluindo empresas, detêm o restante de todo esse capital e são os verdadeiros financiadores da dívida pública.
Enquanto o governo ensaia levar os juros básicos (Selic) para um nível civilizado, mais próximo do praticado no restante do mundo, o pequeno investidor brasileiro em fundos começa a sofrer com essa queda e a ver seus ganhos perderem para os da poupança — cerca de 40% desses fundos já são desvantajosos frente a caderneta. O Palácio do Planalto, entretanto, pretende dar um alívio para os pequenos.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já deu os primeiros sinais, durante viagem a Washington (EUA), de que as taxas de administração entraram na agenda: a ordem é, se necessário, chamar os fundos geridos por bancos públicos a reduzir os custos dos investimentos e obrigar, mais uma vez, a concorrência a se mexer. Nos Estados Unidos, o ministro disse que essas taxas podem diminuir.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, também acompanha com lupa a situação dos fundos, sobretudo porque o funcionamento desse mercado pode ser um limitador para a política monetária.
Diante da queda da Selic e da determinação do governo em terminar o mandato com uma taxa menor que a atual, os gestores de fundos estão apreensivos. Um juros inferior a 9% ao ano poderia promover, segundo alguns analistas, uma corrida para a poupança, sobretudo entre os investidores de capital mais limitado — situação que afetaria a gestão da dívida pública.
Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, porém, não vê o cenário com tanta preocupação. “Se os juros caírem um pouco mais, não deve haver prejuízo ao financiamento do governo porque o investidor financia quem pode pagar pelo capital — e o governo pode”, explicou.
Carlos Massaru Takahashi, diretor presidente da BBDTVM, gestora de recursos do BB, pondera que, se houver mais uma redução na taxa básica da economia em maio, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, a distribuidora também terá de rever suas taxas de administração. No entanto, ele observou que até o momento, o BB não registrou nenhuma migração de investidores.
“A caderneta tem crescido bem no primeiro trimestre, mas a indústria de fundos também. Só este ano tivemos mais R$ 7,5 bilhões em fundos de renda fixa e outros R$ 8 bilhões em investimentos em fundos de curto prazo”, disse.
Para o HSBC, dificilmente deve ocorrer uma migração, principalmente entre os investidores de maior poder aquisitivo. Gustavo Poso, superintendente-executivo de gestão de patrimônio da instituição, explica que para o pequeno investidor, se a Selic ficar entre 8% ao ano e 8,5%, o prazo será um determinante para definir quem é mais competitivo, a poupança ou fundo. “Abaixo de 8%, nas atuais regras da poupança, começa a ficar complicado, fica caro para qualquer tipo de fundo”, calculou.
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