Pará é destino de 400 mil

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Nos próximos dois anos, o Pará deve receber mais 400 mil imigrantes. A estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que, até 2014, 20% da população paraense será composta por brasileiros de todas as regiões do País. Esse contingente, até dois anos atrás, era de 15%, segundo aponta o Censo 2010 do IBGE.

Os grandes projetos e, consequentemente, as oportunidades de emprego, são os principais atrativos para quem tem qualificação, mas não tem ocupação fora do Pará. Entretanto, a “importação” de mão de obra preocupa economistas e gestores de Recursos Humanos que apostam na supervalorização dos imigrantes, em detrimento do trabalhador local. Aliás, os empreendimentos já sinalizaram que os cargos mais altos serão destinados aos mais experientes, ou seja, profissionais que já atuam no mercado nacional. Resta saber qual vaga da pirâmide hierárquica vai sobrar para o trabalhador local.

Para o gerente de empregabilidade da Consultoria F5-PRO, Thiago Ferreira, a busca por mão de obra qualificada fora do Estado é imprescindível e inevitável. “É preciso suprir a falta de capital humano em nossa região. Estes profissionais de fora estão melhor preparados, já que o governo paraense tardou em investir na educação profissionalizante”, argumenta.

Para ele, os altos cargos serão distribuídos para especialistas do eixo Sul e Sudeste, e o operacional estará dividido entre paraenses e nordestinos. De acordo com informações do Consórcio Construtor de Belo Monte, atualmente, 66% dos trabalhadores do empreendimento são paraenses, e 34%, de outros estados. Oriundos de Altamira são 59%, e 51% das demais cidades do Estado. Nos quatro canteiros, são 15% de mulheres e 85% homens trabalhando nas mais diversas funções. Da mão de obra total, 71% é direta e 29% indireta.

A Aços e Laminados do Pará (Alpa), somente na fase de implantação, vai gerar mais de 3 mil empregos no município de Marabá, na região de Carajás. De acordo o diretor-presidente da Alpa, José Carlos Soares, pelo menos 20% destas vagas serão destinadas à mão de obra nacional. “Realmente não temos interesse de trazer gente de fora. Mas essa siderúrgica nasce do nada. Precisamos de pelo menos 30 pessoas altamente qualificadas. São pessoas com décadas de experiência, que precisarão colocar a usina em funcionamento”, diz Soares, enfatizando que os experts virão de fora.

Esse contingente não será o único a ser “importado”. “Depois disso, tem um escalão de 200 a 300 pessoas que são aqueles que sabem o ‘como fazer’ do processo siderúrgico. Como o Pará não tem experiência no assunto, também vamos recrutar pessoal de fora”, antecipa o diretor-presidente. Segundo ele, os demais serão profissionais qualificados, que podem ou não ser paraenses.

“A imigração não é um problema, afinal, São Paulo não existiria, e nem seria a potência que é, se não fossem os trabalhadores do Brasil todo. A Alpa tem que utilizar a mão de obra de fora, por conta da experiência”, avisa, ressaltando que a prioridade será dos paraenses. Soares destaca que a construção da Alpa vai gerar muitos empregos indiretos, já que o empreendimento atrai investidores de outros setores à margem do mineral. “Serão criadas diversas oportunidades de trabalho com a implantação de shoppings, hotéis, loteamentos residenciais, restaurantes, escolas, supermercados, e muitos outros. Os investimentos também trarão imigração”, avisa, observando que a siderúrgica vai gerar um grande ciclo de desenvolvimento para Marabá e cidades do entorno. “Serão mais hospitais, escolas e uma série de outros benefícios que se instalam automaticamente, em paralelo com o empreendimento”, comenta.

QUALIFICAÇÃO

No entanto, os economistas se mostram preocupados com diversos fatores ligados ao fluxo migratório, que vão além dos empregos. Segundo avalia Eduardo Costa, membro do Conselho Federal de Economia, é preciso discutir a qualificação do trabalhador local. “Hoje, o debate principal no Pará não é mais a geração de emprego, e sim a questão da empregabilidade, termo que designa a capacidade que a força de trabalho tem para se adequar às necessidades do mercado”, afirma.

Considerando esse ponto, Costa diz que é preciso saber em que medida os paraenses de nascimento ou de opção estão aptos a acessarem os prometidos postos de trabalho. “Além disso, queremos saber que mecanismos vão impedir que imigrantes ocupem as vagas abertas e os paraenses fiquem mais uma vez marginalizados no processo?”, indaga o economista. Para o conselheiro, essa é a grande oportunidade do Estado ser induzido na mobilidade social.

Eduardo Costa diz ainda que há uma necessidade urgente de elaboração e implementação de políticas públicas adequadas, para que a população paraense adquira empregabilidade, e se torne apta a acessar os postos de trabalho que serão gerados a partir dos grandes projetos.

Com a entrada de 400 mil imigrantes, segundo estimativa do IBGE, os serviços públicos passarão por uma sobrecarga – o que exigirá maior capacidade de resposta do Estado e, consequentemente, mais elevado volume de investimentos. Hoje, os principais polos de atração migratória no Estado são a região do Xingu, com a construção da UHE de Belo Monte, que tem a previsão atualizada de mais de 100 mil migrantes, e a região de Carajás, em função dos grandes projetos minerais, com destaque para Marabá, Parauapebas e Canaã dos Carajás. Para que esses projetos possam ser tocados, segundo avalia Eduardo Costa, não será possível abrir mão do profissional de fora.

Fonte: ORM

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